Segundo Ítalo Calvino, um dos mais importantes escritores europeus, “Um clássico é um livro que nunca terminou de contar o que tem a dizer”. De certa forma, estas obras nunca terminaram, efetivamente, de transmitir sua mensagem. Elas permanecem atuais a cada vez que são lidas por uma nova geração.
Criamos uma lista com leituras que, além de serem obrigatórias para os principais vestibulares do país, são essenciais para entender o ser humano, seus medos e motivações. Cada título escolhido traz narrativas que dão ao público uma rica bagagem histórica, por conta do contexto no qual cada obra foi escrita. Uma coisa é certa: para cada leitor que descobre estes livros, nascem novos questionamentos e novas lições.
Confira a seleção de 7 livros nacionais para se preparar para o vestibular:
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Neste clássico de Machado de Assis, o autor inova ao romper com a narrativa linear, característica da cena literária de sua época. Machado começa a história, contada em primeira pessoa, com um narrador que conta sua história depois de sua morte – que considera a si mesmo um defunto autor e não um autor defunto. Com a ironia que tanto o popularizou, Machado de Assis traz reflexões singulares sobre a eterna luta entre ser e parecer e a essência singular de cada um versus a impressão que, incessantemente, tentamos causar nos outros. Além disso, o contexto histórico da obra nos leva a enxergar claramente os costumes e a vida social da elite carioca do século 19.
O cortiço, de Aluísio Azevedo
Em “O Cortiço”, lançado originalmente em 1890, o leitor pode enxergar de forma metódica uma análise do perfil do homem morador do subúrbio do Rio de Janeiro. No entanto, o personagem principal da história é o próprio cortiço, que foi personificado pelo autor para levantar a discussão sobre o tamanho da influência do meio em que vivemos na vida dos indivíduos, tornando a obra essencial para capturar o contexto que se encontrava o Brasil no século 19.
Em A cidade e as serras, publicado em 1901, o personagem Jacinto de Eça de Queirós apresenta ao leitor razões para o tédio sentido pelo o homem moderno – que já havia sido descrito descrito em obras anteriores do autor, como O crime do padre Amaro, O primo Basílio, ou em Os Maias. Mostrando, desta forma, uma percepção ultra romântica que acompanhou a sociedade no período de transição, vivido através do desenvolvimento tecnológico no início do século 19.
Sagarana, de Guimarães Rosa
A linguagem e os ditados acompanhados do realismo fantástico de Guimarães Rosa fazem desta leitura uma viagem para uma Minas Gerais que todo brasileiro tem enraizada em sua imaginação. No entanto, é essencial prestar atenção nas travessias que acompanham as histórias, da força para a sabedoria, do mal para o bem, da vida para a morte, do natural para o sobrenatural, entre outras. Guimarães utiliza elementos naturais como metáfora as várias transições que precisamos enfrentar durante a vida.
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna
Esta obra já foi adaptada para o cinema, encenada inúmeras vezes no teatro e já conquistou leitores por todo país, mesmo muito tempo após o seu lançamento, na década de 50. A história de João Grilo e Chicó conta de forma divertida e espontânea a vida na região do nordeste brasileiro, incluindo as tradições religiosas e crenças populares, enraizadas na cultura regional. O livro agrega bastante conhecimento histórico e cultural do Brasil, abordando temas como a pobreza, a honestidade e a esperança por um futuro melhor.
Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade
Nesta obra, que foi considerada leitura obrigatória para o vestibular da Fuvest em 2013, mostra o poeta mineiro atento aos acontecimentos políticos de sua época. “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, escreve Drummond nos versos de abertura deste volume. “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”. Carlos Drummond de Andrade mostra sua faceta mais humanitária, lamentando que a sociedade mantenha os olhos fechados para o mundo, permitindo a violência – referindo-se a Segunda Guerra Mundial e a ditadura de Getúlio Vargas. Além disso, o autor afirma que um dos maiores problemas é que as pessoas costumam trocar a compaixão pelo egoísmo de quem vive fechado em si mesmo em, segundo ele, um “terraço mediocremente confortável”.
Capitães da areia, de Jorge Amado
Nesta história popular sobre os jovens que vivem em um trapiche abandonado, retrata a Bahia do século 20de forma dinâmica, realista e até mesmo divertida. A história conta com personagens marcantes como Pedro Bala, Dora, Sem Pernas e Gato, fazendo com que o leitor perceba a crítica do autor Jorge Amado, ao narrar a vida dos personagens de acordo com o contexto político e social da época.
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